Segundo o “Ministério da Saúde” e “ANVISA”, a Dengue é uma doença febril aguda, sistêmica, dinâmica, debilitante e autolimitada. A maioria dos doentes se recupera, porém, parte deles podem progredir para formas graves, inclusive virem a óbito. A quase totalidade dos óbitos por dengue é evitável e depende, na maioria das vezes, da qualidade da assistência prestada e organização da rede de serviços de saúde.
Todo indivíduo que apresentar febre (39°C a 40°C) de início repentino e apresentar pelo menos duas das seguintes manifestações – dor de cabeça, prostração, dores musculares e/ou articulares, erupção e coceira na pele e dor atrás dos olhos – deve procurar imediatamente um serviço de saúde, a fim de obter orientação e tratamento oportuno. No entanto, após o período febril deve-se ficar atento. Com o declínio da febre (geralmente entre 3° e o 7° dia do início da doença), sinais de alarme podem estar presentes e marcar o início da piora no indivíduo. Esses sinais indicam o extravasamento de plasma dos vasos sanguíneos e/ou hemorragias, sendo assim caracterizados:
- Dor abdominal (dor na barriga) intensa e contínua
- Vômitos persistentes
- Queda abrupta na temperatura do corpo
- Hipotensão postural e/ou lipotimia (tontura ou desmaio)
- Letargia e/ou irritabilidade (agitação ou sonolência intensa)
- Diminuição importante da quantidade de urina
- Dificuldade de respirar
- Sangramentos, inclusive sangramento de mucosa
- Choro persistente em crianças
Todas as faixas etárias são igualmente suscetíveis à doença, porém indivíduos com condições preexistentes como as mulheres grávidas, lactentes, crianças (até 2 anos) e pessoas com 65 anos ou mais têm maiores riscos de desenvolver complicações pela doença.
Transmissão
O vírus da dengue (DENV) pode ser transmitido ao homem principalmente por via vetorial, pela picada de fêmeas infectadas da espécie Aedes aegypti e, em menor proporção, da espécie Aedes albopictus.
Prevenção
Em 21 de dezembro de 2023 a vacina contra dengue foi incorporada no SUS. A inclusão da vacina da dengue é uma importante ferramenta no SUS para que a dengue seja classificada como mais uma doença imunoprevenível. O Brasil é o primeiro país do mundo a oferecer o imunizante no sistema público de saúde.
A vacina contra a dengue entra no Calendário Nacional de Vacinação pela primeira vez em fevereiro de 2024 e, em virtude da capacidade de produção laboratorial, a primeira campanha de vacinação atende 521 municípios distribuídos em 37 regiões de saúde do país. Embora exista a vacina contra a dengue, o controle do vetor Aedes aegypti é o principal método para a prevenção e controle para a dengue e outras arboviroses humanas (como Chikungunya e Zika), seja pelo manejo integrado de vetores ou pela prevenção pessoal dentro dos domicílios.
É importante entender que ao adotar medidas de controle ao vetor após a introdução de um ou mais sorotipos novos do vírus da dengue, a possibilidade de se interromper a transmissão é reduzida, uma vez que há elevada densidade vetorial. Além disso, o tempo que decorre até a redução das populações de Aedes aegypti é muito maior que a velocidade de circulação viral, pois nessas circunstâncias a população sob risco é de suscetíveis.
Quando a epidemia se instala, esta segue seu curso e as ações de controle vetorial mostram pouca ou nenhuma efetividade. Muitas das vezes, a redução do número de pessoas que adoecem ocorre “naturalmente”, mais em função da imunidade de grupo que vai se estabelecendo do que pelos resultados obtidos com as ações de controle estabelecidas.
Portanto, em períodos fora da sazonalidade da doença é que ações preventivas devem ser adotadas. É o momento ideal para manutenção de medidas que visem impedir epidemias futuras.
Nesse sentido, além das ações realizada pelos agentes de saúde, a população deve fazer a sua parte:
- Uso de telas nas janelas e repelentes em áreas de reconhecida transmissão
- Remoção de recipientes nos domicílios que possam se transformar em criadouros de mosquitos
- Vedação dos reservatórios e caixas de água
- Desobstrução de calhas, lajes e ralos
- Participação na fiscalização das ações de prevenção e controle da dengue executadas pelo SUS
Observações Gerais
A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e a Anvisa recomendam que, para ser efetivo contra o mosquito da dengue, o repelente deve conter uma das seguintes substâncias:
- Icaridina 20-25% – duração de dez horas
- DEET 10-15% – duração de seis a oito horas
- IR3535 – duração de até quatro horas
Como a pele dos bebês é ultradelicada, os pediatras não recomendam o uso de repelente em crianças com menos de seis meses. No entanto, há outras medidas de prevenção que também podem ajudar o combate aos insetos, as chamadas barreiras mecânicas, confira algumas medidas de proteção:
- Utilize telas de proteção com buracos de, no máximo, 1,5 milímetros nas janelas da casa
- Deixe portas e janelas fechadas, principalmente nos períodos do nascer e do pôr do sol
- Mantenha o terreno de casa sempre limpo e livre de materiais ou entulhos que possam ser criadouros de mosquitos
- Coloque repelentes elétricos próximos às janelas, o uso é contraindicado para pessoas alérgicas
- Velas ou difusores de essência de citronela também podem ser usados, quando o bebê não estiver no quarto
- Para bebês que ainda não ficam de pé, o uso de telas e mosquiteiros no berço é o mais indicado, coloque também o mosquiteiro quando sair com o bebê no carrinho
- Evite produtos de higiene com perfume, pois podem atrair insetos
- Mantenha o bebê vestido com roupas leves e de preferência claras, cobrindo a maior parte do corpo
- Dê preferência para roupinhas com tecidos naturais, que não esquentem demais no calor e permitam a respiração da pele.
Tratamento
O tratamento é baseado principalmente na reposição de líquidos adequada. Por isso, conforme orientação médica, em casa deve-se realizar:
- Repouso
- Ingestão de grande quantidade de líquidos
- Não se automedicar e procurar imediatamente o serviço de urgência em caso de sangramentos ou surgimento de pelo menos um sinal de alarme
- Retorno para reavaliação clínica conforme orientação médica
Ainda não existe tratamento específico para a doença.
Matéria atualizada em março/2024 com contribuição do médico infectologista da Santa Casa de Misericórdia de Itapira: Dr. João Paulo Grecco (CRM-SP 133842) e da Enfermeira CCIH Silvia Andréia da Silveira Belinello (Coren SP 183853).